quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

O encarceramento em massa no Brasil

 

“Lembre-se dos presos, como se vocês estivessem na prisão com eles.”

                                                                                                          (Hb 13,3)

Arquivo/ Arquidiocese de Juiz de Fora

O Papa Francisco revela sua atenção afetuosa com os presos e confidencia que cada vez que passa “pela porta de uma prisão para uma celebração ou para uma visita” sempre tem “este pensamento: porque eles e não eu?” e que “a queda deles poderia ter sido a minha”.

Meus queridos irmãos, o Natal de nosso Senhor Jesus Cristo se aproxima de nós, mesmo neste tempo de dor e de distanciamento social, devido à pandemia, o Senhor Jesus nos convida a celebrar o Natal.

A Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Juiz de Fora deseja, ardentemente, vivenciar a sexta obra de misericórdia corporal, que é visitar os encarcerados. Queremos estar com eles, para rezar, conversar, ouvir, enfim, partilhar a alegria do nascimento do menino Jesus.

Gostaria nesta singela mensagem de Natal dirigida a nossa Pastoral Carcerária Diocesana; aos nossos irmãos encarcerados e a seus familiares, refletir um grande problema que destroem o Sistema Penitenciário Brasileiro que é: “o Encarceramento em Massa”. 

Nosso país ocupa o terceiro lugar no ranking dos países com maior população carcerária no mundo (atrás apenas de Estados Unidos e China), com 800 mil pessoas presas. De acordo com dados do Infopen (sistema de informações estatísticas do sistema penitenciário brasileiro).

Nas Unidades Prisionais de todo nosso país predominam a superlotação, a violação de direitos e os recorrentes casos de maus-tratos e torturas. O “Encarceramento em Massa” nos Sistemas Prisionais não gerou melhora na Segurança Pública em nossas cidades. Pelo contrário, os índices de violências nos últimos 25 anos, aumentaram de maneira gigantesca, vitimando, sobretudo as pessoas pobres, negras, das periferias e de baixo nível educacional.

Encarcerar não é solução para por fim, a tanta violência, pois infelizmente o Estado não cria estruturas que contribuam para a ressocialização da pessoa presa. Como disse o Papa Francisco em sua visita ao México (18/02/16), é “um engano social acreditar que a segurança e a ordem só são alcançadas prendendo as pessoas”, pois as prisões significam dor e destruição da pessoa humana, é urgente construir novas estruturas que propiciam a ressocialização, para que, em um futuro próximo, o Sistema Penitenciário Brasileiro respeite a finalidade da “LEP” (Lei de Execução Penal) que é a “ressociliazação do preso”.

Deste modo, quero neste espírito natalino recordar a todos vocês meus queridos irmãos que a Pastoral Carcerária é uma Pastoral Social, enquanto membro do Corpo de Cristo que é a Igreja tem como missão transmitir a mensagem evangélica; “de anunciar aos cativos a liberdade e aos cegos a recuperação da vista de pôr em liberdade os oprimidos e proclamar um ano de graça do Senhor”. (Lc 4, 18-19).

A Pastoral Carcerária nasce com o próprio Jesus Cristo. Ele envia todos os batizados a visitar os irmãos presos e Ele mesmo foi um preso. Depois dele, os apóstolos também foram presos, recebiam visitas. “O sumo sacerdote e todos os seus partidários encheram-se de raiva, mandaram prender os apóstolos e lançá-los na cadeia pública. Durante a noite, porém, o anjo do Senhor abriu as portas da prisão e os fez sair.” (At 5, 17-20).

“Estive preso e fostes me visitar” (Mt 25,36). Esta passagem evangélica ilumina a nossa missão junto aos nossos irmãos presos. Pois todos nossos irmãos encarcerados foram também criados por Deus, logo, fazem parte da “Casa Comum” e o Menino Jesus se identifica amorosamente, com cada um deles.

Enfim, perguntaram a Jesus: “quando foi que te vimos preso e fomos te visitar?” Jesus respondeu: “todas as vezes que vocês o fizeram a um dos menores dos meus irmãos, foi a mim que o fizeram” . (Mt 25,40). Abençoado e Santo Natal.

 

Cordialmente,

 

Padre Welington Nascimento de Souza

Assessor Eclesiástico da Pastoral Carcerária

         

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Celebração na Penitenciária Edson Cavalieri marca preparação do Natal e retorno das atividades da Pastoral Carcerária


 Na tarde da última terça-feira (21) aconteceu a Celebração da preparação de Natal com os encarcerados da Penitenciária José Edson Cavalieri. Cerca de 70 pessoas, incluindo funcionários do local, participaram da Eucaristia que foi presidida pelo Arcebispo Metropolitano, Dom Gil Antônio Moreira.

A Missa marca o retorno das atividades religiosas nas unidades prisionais. Após dois anos de atividades paralisadas, devido a pandemia, o estado autorizou o reinicio das ações da Pastoral Carcerária. Na ocasião, também houve atendimento de confissões.

A Subdiretora de humanização no atendimento, Lucinda Monteiro Tavares, afirmou notar a importância de tal gesto. “A gente vê a emoção, a reflexão, e perto do natal isso tem significado ainda maior. A presença do bispo, da pastoral, isso tudo traz uma valorização e uma humanização que a gente sempre busca no nosso trabalho”.

Padre Welington Nascimento de Souza, assessor da pastoral, ressaltou que Eucaristia tem a intenção de ação de graças. “A gente está passando por um tempo complicado, que foi o tempo da pandemia, e começando um retorno seguro. Se Deus quiser, no ano que vem, a gente vai retornar o nosso trabalho, pelo menos duas vezes na semana.”

Em entrevista, o Arcebispo recordou que todos os cuidados necessários para a celebração foram tomados e também por isso nem todos puderam participar da Santa Missa. Ele também falou sobre a importância de tal momento. “Nós sempre estamos aqui, presentes, para rezar, para pedir a Deus, para afastar todos os males, para ajudar a recuperação daqueles que aqui estão, para que possam voltar a vida social”.

Em meio as orações e estimas de boas festas, foi possível encontrar algumas criações artísticas dos encarcerados sobre o Natal. As encarceradas participaram do “Segundo Concurso de Desenho do Anexo Feminino Eliana Betti”, avivando assim corredores do local.

Fonte: Site da Arquidiocese de Juiz de Fora